sábado, 16 de abril de 2011
Família Adams
A suspensão de licenças de rádio e TV por suspeita de irregularidades, anunciada em 28 de março pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, excluiu a Fundação Cultural MIR, dirigida por Reinaldo Ignácio Adams, pai do advogado-geral da União, ministro Luis Inácio Adams. Segundo reportagem publicada ontem pelo jornal "Folha de S.Paulo" , o próprio Paulo Bernardo autorizou a abertura de uma emissora FM educativa pela fundação dirigida por Adams. A portaria autorizando a concessão saiu no Diário Oficial da União de 31 de março, três dias após o anúncio da suspensão temporária das licenças.
Ao anunciar ontem que a concessão será mantida, o secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins de Albuquerque, disse que o parentesco é irrelevante e que desconhecia a ligação com o pai do chefe da AGU:
— Não foi dada concessão ao pai do ministro. Foi outorgada a uma fundação que tem convênio com uma universidade, que vai produzir informações. Ah, tá... ficamos combinados assim...
Intolerável
No início do mês, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou números dando conta de que no primeiro trimestre os passageiros em aeroportos já superaram em 10% o número de bilhetes vendidos para viagens de ônibus no país. Nos últimos oito anos, o número de pessoas que agora viajam de avião aumentou 115%, o que significa que a aviação não é mais um transporte com rótulo de elite, mas um meio de uso comum e popular. Companhias aéreas têm oferecido bilhetes a valores módicos para trajetos que cortam o país, muitas vezes com preços mais baixos do que um prato de salada servido nos restaurantes de nossos sempre lotados aeroportos. Em 2007, o apagão aéreo atormentou a vida de milhares de brasileiros e turistas que nos visitam, o que motivou a promessa do governo de maior fiscalização, a cargo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). No mesmo ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou ilegalidades em obras de oito aeroportos, acusando a Infraero de pagar por serviços não concluídos. Caberia ao Congresso Nacional cobrar pela apuração dos fatos. Contudo, não é isso que vemos na prática. Entre tantas, uma questão deveria merecer prioridade de deputados e senadores: as limitações estruturais dos aeroportos brasileiros, dos quais 13 não estarão prontos para a Copa de 2014, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Mas não é só isso o motivo de preocupação com o que se passa nos nossos terminais aéreos. Urge uma pressão política sobre a Infraero para que reveja os contratos que estabelecem os serviços terceirizados nos aeroportos, especialmente quanto aos preços praticados pelas lojas, bares e lanchonetes. O preço de um cafezinho, suco, refrigerante ou de uma simples salada pode ser traduzido como um verdadeiro assalto. Ou seja, a aviação civil deixou de ser meio de transporte apenas de gente abonada, tornando-se opção para os mais simples e humildes, mas os preços praticados nas áreas de embarque e desembarque são para quem vive no Primeiro Mundo. Esses estabelecimentos deveriam suprir uma demanda popular.
Um pai de classe média, acompanhado da família, fica sem alternativa quando o voo atrasa. É nítida a facilidade hoje em viajar de avião, e não há retorno, mas o que este pai vai gastar com um simples lanche para ele, mulher e filhos é uma afronta ao poder do seu bolso. Um simples sanduíche, que custa R$ 2 em qualquer lanchonete de rua, em nossos aeroportos não sai por menos de R$ 6. Uma salada que em qualquer restaurante custaria, no máximo, R$ 10, na praça de alimentação dos aeroportos, custa entre R$ 50 e R$ 60, mais do que uma passagem promocional oferecida pelas companhias aéreas numa viagem do Rio para Belo Horizonte ou São Paulo. Em outros setores do comércio, essa prática, que limita concorrências, é chamada de monopólio, e o tabelamento de preços abusivos leva o imponente e deletério nome de cartel. Antes de falar em concluir as obras dos aeroportos do país, é preciso dar condições aos cidadãos comuns de transitar por eles usando os serviços oferecidos neles gastando o justo. Bem que o Congresso Nacional poderia, em nome da sociedade, chamar a Infraero às falas, para corrigir tão gritante distorção.
K de Kafkiano
Não há almoço grátis em política. Cedo ou tarde a conta chega! Tanto que o ex-governador de São Paulo José Serra já pensa em um plano B para disputar, mais uma vez, a Presidência da República em 2014. Ou melhor, um plano K. Ciente de que terá muitas dificuldades no PSDB – a maioria dos tucanos não esconde mais a preferência pela candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para enfrentar a presidente Dilma Roussef (PT) nas eleições – Serra se agarra à possibilidade de brigar pelo Palácio do Planalto no PSD, partido que está sendo criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Muita água ainda vai rolar debaixo desta ponte. Ninguém sabe nem se Serra e Kassab se encontraram ou conversaram sobre o assunto. Mas é do estilo do ex-governador paulista ser dissimulado.
Basta olhar o comportamento que ele teve em relação às prévias no PSDB pedidas por Aécio para ver quem disputaria com Dilma no ano passado. Serra foi empurrando com a barriga até tirar de Aécio a possibilidade de quebrar o rol de partidos arregimentados pelo ex-presidente Lula para bancar a candidatura de sua pupila. Ou alguém duvida que o PSB de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, não ficaria seriamente tentado a apoiar Aécio? O PDT chegou, pela boca de seu presidente e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a aventar publicamente a possibilidade. Mas Serra esperou até que passasse o prazo para o mineiro fazer as suas costuras.
Tudo isso é um exercício de futurologia, é claro. Afinal é preciso esperar para ver o desempenho da economia nos próximos anos, que promete ser uma catástrofe, principalmente com a inflação rondando como está. Carestia significa juros mais altos e eles derrubam o crescimento do país e, principalmente, do emprego. Só que aí, pode surgir de novo uma candidatura de Lula. Será, Serra?
A escrotidão do prefeito
No Bosque do Paradiso as leis são "celestiais" porque os moradores são poderosos |
Está no jornal OGLOBO de hoje, sábado, 16 de abril de 2011. O condomínio Bosque Paradiso, na Estrada do Rio Grande, na Taquara, Jacarepaguá, faz jus ao nome. Os proprietários das 40 casas, algumas com até 400 metros quadrados, vivem em área cercada por florestas - onde ornitólogos encontraram aves raras como o pica-pau de testa pintada - e contam com um clube exclusivo, com piscina e quadra de tênis.
Essa espécie de Éden particular, que conta até com estação de tratamento de esgoto própria, começou a ser habitada há apenas cinco anos. Mas está com os dias contados. A prefeitura vai desapropriar lotes ainda não construídos e demolir todas as casas, a fim de abrir passagem para o BRT Transolímpico (via expressa com faixas exclusivas para ônibus articulados), que ligará a Barra a Deodoro). A obra, ainda em fase de projeto, visa aos Jogos Olímpicos de 2016. O prefeito Eduardo Paes disse que pretende comandar pessoalmente as negociações com os moradores e que não há outra saída.
A escrotidão vem agora. Veja como Eduardo Paes comanda as negociações quando se trata de um "condomínio" de trabalhadores pobres. É vergonhoso viver num país onde a lei só existe para os ricos e abastados, um verdadeiro regime de castas, que, certamente, não existe em nenhum outro lugar do mundo. Portanto, quando você for assaltado na rua ou em casa, lembre-se de que o seu pior inimigo é aquele que não tem nada a perder. Antes de ser um criminoso, este indivíduo e sua família foi massacrado, ignorado, chacinado e humilhado pelo Estado. Pense!
"Brasileirinhos" morrem antes de nascerem. Mas, Dilma não chora...
A região Nordeste foi a que mais votou em Lula e Dilma. Oito anos de governo petista se passaram. Veja você mesmo a situação da saúde, especialmente no nordeste. Dilma também deveria chorar ao ver que "brasileirinhos" estão fadados a morrerem, antes mesmo de nascerem!
Tem dinheiro para o trem bala, para novos aeroportos, reforma e construção de novos estádios, metrô para regiões privilegiadas, para dobrar o salário dos deputados, vereadores, juízes etc. Mas para a saúde do trabalhador pobre... que se exploda!
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