Abramovay, foi! |
Apesar de se calar depois de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ter divergido publicamente de sua posição sobre diretrizes da política antidrogas, Abramovay não aceitou bem a imposição governamental de endurecimento ao consumo de entorpecentes por meio das forças de repressão do Estado. De formação humanista, Abramovay publicou o livro Depois do grande encarceramento, em que aponta a expansão do sistema penitenciário como um vício governamental ligado à criminalização da pobreza.
Antes de sair, Abramovay procurou alguns petistas para se aconselhar e na noite de quarta-feira conversou com Cardozo sobre a desistência do cargo. Como a estrutura da Senad ainda está em fase de transferência do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, a homologação da nomeação de Abramovay atrasou e ainda nem havia sido publicada no Diário Oficial da União. Na próxima semana, o Ministério da Justiça deve publicar sua exoneração do cargo de secretário nacional de Justiça. O “convite tentador” que Abramovay teria recebido seria da Fundação Getulio Vargas (FGV) Direito, para criar na entidade um centro de estudos legislativos. Procurada pelo Estado de Minas, a FGV não confirmou a ida do advogado para os quadros da fundação.
Na semana que vem, o nome de Pedro Abrão, atual presidente da Comissão de Anistia, será anunciado como substituto de Abramovay na Secretaria Nacional de Justiça. O posto de titular da Senad voltará para as mãos de Paulina do Carmo Arruda Vieira, secretária adjunta. Paulina, que já comandou a Senad, teve atuação marcada na secretaria na Diretoria de Prevenção e tratamento do consumo de drogas. Pedro Abramovay chegou ao Ministério da Justiça na gestão de Márcio Thomaz Bastos, depois de ser assessor jurídico do mandato de Aloizio Mercadante (PT-SP) no Senado. Aos 30 anos, o advogado figura na história da pasta como o mais jovem a assumir o Ministério da Justiça, posto que recebeu interinamente durante viagens internacionais do ex-titular Tarso Genro.