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Na primeira reunião ministerial, Dilma exigiu dos titulares da Esplanada diagnóstico preciso de áreas em que podem reduzir supérfluos e discrição nos discursos públicos |
Na primeira reunião ministerial, Dilma Rousseff deixou claro que espera dos titulares uma atuação à imagem e semelhança da que caracterizou a presidente durante o governo Lula. Putz! Cada um dos 37 ocupantes de pastas na Esplanada recebeu ontem uma cartilha rígida de princípios éticos a serem seguidos. Mas, precisa de cartilha ética? Precisa! Não pode roubar de maneira alguma! Ou só com muita habilidade pra não deixar rastro! O intuito é fechar a torneira dos gastos considerados supérfluos para aumentar o potencial de investimentos. Os ministros ainda receberam a orientação de falar pouco e agir muito. “Lembramos que o governo deve ter a mesma linguagem e resolver divergências internamente”, avisou a presidente. Ou seja transparência no governo Dilma, nem pensar!
O núcleo duro, barra pesada, composto por Dilma, o vice-presidente, Michel Temer, e o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, iniciou a reunião pedindo aos ministros fidelidade pública às posições do governo. O recado, nas entrelinhas, era para que o time debatesse temas polêmicos dentro dos gabinetes e evitasse incentivar pressões públicas, como no episódio do salário mínimo. As ações emergenciais para a recuperação das áreas atingidas por enchentes no Rio de Janeiro também foram listadas na reunião.
Antecipando reivindicações por cargos no segundo escalão, o Planalto reforçou que as nomeações seguirão padrões técnicos rígidos, especialmente para as agências reguladoras. A presidente avisou que todo cargo terá de obedecer a critérios de competência em gestão e não haverá qualquer indicação puramente política. Alguém poderia estar gravando a reunião...
Como resultado das conversas com o Fórum de Gestão e Competitividade, que norteará as ações do governo, Dilma anunciou que vai dividir a Esplanada em quatro setores, cada um coordenado por um ministro. A intenção é promover reuniões coletivas e despachar em conjunto com os titulares de cada área. Ao mesmo tempo, os encarregados de cada grupo formarão a coordenação ministerial. Ah! Eu acho que vi um gatinho...
O setor de desenvolvimento econômico será coordenado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega; o de erradicação da miséria, pela titular do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello; a área de infraestrutura e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) será dirigida pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior (viúva de Celso Daniel, pode?); e a de direito e cidadania, pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho - braço direito e esquerdo de Lula - uma verdadeira caixa-preta. Os ministros terão 20 dias para apresentar soluções convincentes com foco na redução de gastos. Somente depois desse pente-fino nas contas, o governo federal anunciará o valor do orçamento que terá de ser contingenciado para cumprir as metas fiscais.
A ministra Miriam Belchior será a responsável por coordenar os diagnósticos e pediu a cada ministro que corte despesas com passagens, congressos, aluguéis e que eles façam uma revisão dos contratos. “Esses custos serão reduzidos a médio prazo. Ninguém tem a ilusão de que isso vai acontecer em um piscar de olhos”, admitiu Miriam. Porque será que ela não começou cortando os cartões corporativos?
Inicialmente, a ministra do Planejamento garantiu que o contingenciamento não afetará as obras do PAC. O montante, no entanto, deve passar da casa dos R$ 30 bilhões. O mercado estimou em R$ 40 bilhões o corte necessário para que o governo atinja as metas fiscais. Ao sair do Congresso, a Lei Orçamentária já saiu inflada em R$ 25,3 bilhões. O Orçamento final, com os cortes promovidos pelas pastas e chancelado pelo Planalto, será sancionado em meados de fevereiro.