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Após a insatisfação do PMDB com a distribuição de cargos levar ao fim da autonomia das indicações para o 2º escalão, caciques do partido definem que é hora de agir nos bastidore. Só de olhar dá medo! |
Depois do curto-circuito instalado entre PT e PMDB em torno dos cargos e o perigo de a briga respingar em assuntos delicados que estarão em pauta no Congresso, como a votação do salário mínimo, além da garantia de eleição de Marco Maia (PT-RS) para a presidência da Câmara, a presidente Dilma Rousseff tirou dos ministros a autonomia de nomeação para os postos de segundo escalão, que estão suspensas e serão feitas a partir de fevereiro. As indicações serão repassadas aos ministros da Casa Civil, Antonio Palocci, e das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, que, juntos, cuidarão de equilibrar as forças e de contornar as insatisfações. A ordem ajudou a reduzir a tensão, mas não acabou com a crise, uma vez que o PMDB decidiu colocar à disposição do governo todos os cargos de 2º escalão que ocupa hoje.
"A orientação, não do ministro, mas do ministério, é que os ministros tenham calma. O que é vitorioso é o projeto. Não precisa sair achando que precisa mudar tudo", afirmou Luiz Sérgio, que foi à posse do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Wellington Moreira Franco, do PMDB, com a missão de apagar seu primeiro incêndio no governo. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também compareceu à solenidade, assim como vários deputados do PT. Foi a tentativa de mostrar uma política de boa vizinhança entre os dois principais partidos da base aliada de Dilma.
Mal terminou a posse de Moreira Franco, a cúpula do PMDB foi para o apartamento ocupado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, para avaliar o cenário e formalizar o afastamento de Temer do comando partidário. O encontro reuniu o presidente do Senado, José Sarney (AP), os lideres partidários no Congresso – deputado Henrique Eduardo Alves (RN) e senador Renan Calheiros (AL) –, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, o presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), e alguns parlamentares. Combinaram a partir de hoje, parar com as cobranças pelos jornais e partir para a luta interna, nos bastidores do poder.
Depois da reunião do PMDB, Alves dava sinais das áreas em que o governo poderá ter trabalho, e citou especificamente o salário mínimo.
Ele disse que o partido tem um "compromisso, de maneira muito determinada", para que as reformas política, tributária e o novo piso sejam amplamente debatidos antes de que qualquer decisão. "Queremos marcar com a área econômica do governo uma reunião para que possamos ser convencidos ou convencermos (o governo) de que este ou aquele número é o necessário para um salário mínimo justo", afirmou.
Resposta O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez depois das declarações dos peemedebistas a mais enfática defesa do salário mínimo de R$ 540. "Se vier algo diferente disso, vamos simplesmente vetar", disse em entrevista coletiva.
Mantega argumentou que o valor definido está em um patamar que preserva o equilíbrio das contas públicas e a coerência da política fiscal. "Um aumento acima disso pode provocar expectativas negativas, até mesmo de inflação", disse o ministro, explicando que um valor maior elevaria os gastos com a Previdência e deterioraria as contas públicas. "É temerário, neste momento, um mínimo acima de R$ 540", disse.
O ministro lembrou que os R$ 540 são resultado da política de valorização do piso salarial do país implementada nos últimos anos – que prevê a correção pela inflação mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Segundo ele, essa política permitiu uma grande valorização do mínimo nos últimos anos e tem dado certo. "Se não cumprir agora essa política, vira brincadeira", afirmou.