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No ministério anunciado por Dilma até agora figuram menos titulares do que nop governo passado |
Com pouco menos da metade dos ministérios anunciados, a presidente eleita, Dilma Rousseff, não conseguiu emplacar nenhum nome de impacto, criando uma sensação da mesmice de sempre, de um governo de técnicos e apadrinhados. Há oito anos, Luiz Inácio Lula da Silva pinçou nos meios empresarial, jurídico, artístico e político seis nomes que figuravam entre os mais conceituados.
Dilma se cerca de continuidade, indicações políticas contestáveis e técnicos que até 2009 eram do segundo escalão do governo Lula. Até 10 ministérios vão continuar do mesmo jeito – mantendo o atual titular ou o político que ocupava a cadeira antes de se dedicar à campanha eleitoral. Estão nessa lista: Defesa, Fazenda, Educação, Esporte, Meio Ambiente, Portos, Trabalho, Minas e Energia, Transportes e Agricultura. Desses, Lula interferiu na confirmação e indicação de quatro: Nelson Jobim (Defesa), Guido Mantega (Fazenda), Fernando Haddad (Educação) e Izabela Teixeira (Meio Ambiente).
O comentário entre os partidos aliados é que Dilma não conseguiu dar a sua cara à Esplanada, - e nem conseguirá! - engessada pelos pedidos do presidente e pela composição com as legendas. “É ruim montar um governo assim porque parece ser transitório, que daqui a um ano todo mundo vai perder o emprego e haverá ampla reforma ministerial”, disse um antigo aliado de Lula. “Isso enfraquece quem fica”, analisou.
Nos dias que se sucederam à vitória, anunciava-se que Dilma encontraria espaço para colaboradores próximos e antigos, como Nelson Barbosa, atual secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda; Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras; e Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Todos continuam no mesmo posto e a especulação é que Barbosa assuma a cadeira de assessor econômico da Presidência – num cargo de pouca vitrine e muito fogo amigo.
Para muitos, acabou ficando o que sobrou. Teve de indicar o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que se elegeu com apoio da oposição, na Previdência, pasta amplamente rejeitada pelos peemedebistas. Colocou Pedro Novais (PMDB-MA) no Turismo, um deputado considerado do baixo clero. Devolveu Transportes a Alfredo Nascimento (PR-MA) a contragosto. Preferia manter Paulo Sérgio Passos, servidor de carreira, na pasta. Nomeou Ideli Salvati (PT-SC) para a Pesca por falta de indicação de mulheres para o governo.
Esse cenário contrasta com o elaborado por Lula entre novembro e dezembro de 2002. O petista indicou o empresário Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e milionário), retirando-o de sua empresa a Sadia; nomeou o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues (muito rico!), presidente da Associação Brasileira de Agribusiness, para a Agricultura. Colocou o músico Gilberto Gil na Cultura; (outro figura de sucesso e dinheiro!) o advogado Márcio Thomaz Bastos, na Justiça – nome com trânsito em todos os partidos e um dos advogados mais ricos do Brasil –, o ex-presidente mundial do Bank Boston, Henrique Meirelles, no Banco Central, ricaço e o presidenciável Ciro Gomes na Integração Nacional e outro político que nasceu em berço esplêndido!. Além de Walfrido Mares Guia, do Turismo, empresários dono de sescolas e universidades, um dos homens mais ricos de minas, não mais, porém, que o vice-José Alencar, muitas vezes milionário!
Lula também escolheu nomes considerados unanimidades em suas áreas e sem contestação dos partidos, como Marina Silva, no Meio Ambiente, e Cristovam Buarque, na Educação (demitido por telegrama!), além de Miro Teixeira, nas Comunicações. Na época, o presidente deu-se ao luxo de rejeitar um acordo com o PMDB forjado por José Dirceu (PT) e Michel Temer, presidente peemedebista.