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Dexacomigo, de tortura eu entendo! |
Para acalmar os peemedebistas na construção de sua equipe de governo, a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), chamou o seu vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), e quase o mandou a merda. Como incentivo adicional, Dilma fez questão de dizer ao colega de chapa que o ano que vem não será o nono do mandato do presidente Lula, mas o primeiro de Dilma e que ele abaixasse o facho. Tanto que, embora tenha feito algumas reclamações, os ministros do PMDB foram definidos e ficaram pianinhos. Basta ver o exemplo do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que desdenhou do Ministério da Previdência em um primeiro momento, voltou atrás e aceitou comandar a pasta. E olha que ele já pôs o próprio Lula em saia justa em algumas ocasiões.
Dilma tem personalidade forte, é autoritária, reclamam muitos de sua convivência. É inevitável, contudo, que ela continue sob o abrigo do presidente Lula - a dona não faz nada sem antes falar com "o cara", o fantasma da ópera. Não tem como escapar. Os ministros de casa, por exemplo, foram todos escolhidos a quatro mãos. Antonio Palocci não foi parar na chefia da Casa Civil por acaso. Ele será os olhos e os ouvidos de Lula no Palácio do Planalto. Tanto que fez parte da equipe de transição desde a primeira hora, dividindo tarefas com os dois Josés Eduardos, o Cardozo, que comandará o Ministério da Justiça, e o Dutra, que deve assumir no Senado a vaga de Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que vai para a equipe de Dilma.
Não há como fugir ao fantasma de Lula, por mais que Dilma e Temer queiram. Nunca antes neste país um presidente teve tanto poder, mesmo com a vontade da mídia de abrir os olhos do povo. Está para nascer um político que não seja tucano ou democrata que queira contrariá-lo a esta altura.