Fui assistir ao documentário sobre Ayrton Senna. Com produção internacional, o documentário do piloto é muito bom. Só tem uma coisa. Quando falam sobre a vida pessoal do campeão, anulam a figura de Marcela Praddo, que aparece de relance e com a face meio desfocada.
Uma das mulheres mais lindas e meigas que já conheci, Marcella nasceu Edilaine Gonçalves Barros, adotando o nome artístico depois que se tornou modelo internacional.
Convivi muito com Marcella porque ela casou-se com Fernando Vannucci, jornalista, e amigo de mais de trinta anos. Fui padrinho de casamento dos dois, no extinto restaurante japonês Edo Garden, na Barra, ao lado de Boni, Alice Maria, Leda Nagle, artistas e muita gente famosa. Minha filha, atualmente jornalista, foi daminha de honra do casal com quatro anos.
Depois que Fernando e ela separaram, a nossa amizade continuou. E Marcella voltou a encontra-se com Ayrton Senna. Digo voltou, porque os dois já tinham sido namorados antes mesmo de ele ser tornar-se o maior piloto de Formula 1 do mundo. Quando vinha ao Rio, os dois saiam no “Chevette hatch” que Edilaine tinha ganhado do pai, ex-militar e, à época, funcionário do serviço de metereologia da VARIG. Ela é filha única e morava num confortavel apto na Penha, bairro de classe média do Rio, proximo ao Galeão.
Os dois tiveram um tórrido romance, até que ela ligou para Ayrton contando que estava grávida. Ayrton disse que o momento não era o certo e a ofendeu. Disse que ele viajava muito, e que não teria tempo para o bebê. O que Marcella tinha de bela ela também tinha de fera. Não levava desaforo pra casa. Ela não gostou do que ouviu do piloto, e, a queima roupa, desligou o telefone prometendo que teria o filho sozinha, e cumpriu a promessa.
Durante nove meses, Ayrton ligava, escrevia, mandava presentes, inclusive a caminha da menina era no formato de Fórmula 1, mas, Marcella fazia de conta que ele não existia. Ela tinha suas razões! Ayrton acabou se afastando, e começou o romance com Adriane Galisteu e depois com Xuxa.
Nasceu então Vitória. Suposta filha (era diria filha!) de Ayrton Senna e Marcella Praddo. Na verdade a garotinha era tão parecida com Ayrton que parecia o próprio desenho do “Senninha”.
Meses depois, foi eu que deu a notícia da morte do campeão à Marcella. Foi por telefone. Ela gritava e chorava - sofreu muito, (leia mais na matéria da Revisa ÉPOCA abaixo) mas, com o tempo, deu a volta por cima casando-se com um próspero empresário dono de um belíssimo haras em Itaipava/RJ com quem teve um filho, Luís Felipe.
Poucos anos depois, Marcella divorciou-se do pai de Felipe e sumiu do mapa. Tornou-se evangélica e vivia praticamente reclusa. Mas, o exame de DNA foi feito. Os pais de Ayrton Vieram ao Rio conheceram a menina, pegaram a gorotinha no colo e se apresentaram a menina como "vovô e vovó da Vitória". Isso foi durante uma audiência no Tribunal de Justiça do Rio. Mas o exame de DNA deu negativo porque o exame, segundo soube, não era aquele que deveria constar nos autos do processo.
Um dia perguntei à Marcella como o exame poderia ter dado negativo, pedi ela que repetisse o exame e ela me respondeu: “a família de Ayrton, Eduardo, quis que assim fosse. Não quero falar sobre o assunto, agora vivo pra Jesus!”
Isso deve ter uns dez anos. Nunca mais vi ou falei com Marcella. Respeitei a opção de vida que ela fez. Mas, quando a vi na tela do cinema, no tal documentário, no auge de sua beleza e charme lembrei-me da história que um dia, certamente, será um longa metragem.